Desde o início da temporada de incêndios, morreram na Austrália 480 milhões de mamíferos, aves e répteis. Um resultado alarmante do número de incêndios descontrolados que deixaram mais de 1.300 casas reduzidas a cinzas e 5,5 milhões de hectares queimados.

Os ecologistas da Universidade de Sydney fizeram a estimativa de perdas mas com a ressalva de que o número é temporário, uma vez que os estados de Victoria e de Nova Gales do Sul continuam a ser prejudicados pelos fogos - na quarta-feira havia 130 focos de incêndio ativos nos dois estados - e há avisos meteorológicos para um novo pico de calor no próximo sábado.

Nas redes sociais têm sido publicadas dezenas de imagens de coalas sedentos, de cangurus fugindo em manada à ameaça de fogo, ou mesmo dos cadáveres queimados de animais caindo das árvores.

De acordo com o site News, os animais nativos mais afetados são, precisamente, os coalas porque se movem mais devagar que os outros animais e comem apenas folhas de eucalipto, que têm óleo, ou seja, são altamente inflamáveis. Cerca de oito mil coalas, um terço de todo a população destes mamíferos em Nova Gales do Sul, teriam morrido nos últimos quatro meses. E estes são apenas as vítimas em Nova Gales do Sul, pois há outros estados afetados, mas ainda sem estimativa de perdas.

Esta crise sem precedentes provocou protestos para exigir do Governo medidas imediatas contra o aquecimento global, que os cientistas dizem ser a causa destes incêndios mais longos e mais violentos do que nunca. "Os fogos ardem com tanta intensidade e tão rápido que há mortalidade significativa entre os animais que estão nas árvores, mas há uma área grande que continua a arder de tal forma que provavelmente nunca iremos encontrar os cadáveres", disse o ecologista Mark Graham, do Conselho de Conservação da Natureza, ao parlamento.

Graham dirigia-se às autoridades políticas de Nova Gales do Sul no mês passado, quando foi realizada uma audiência urgente por causa da destruição "sem precendentes" da população de coalas.

Tracy Burgess, uma voluntária dos Serviços de Informação, Resgate e Educação para a Vida Selvagem (WIRES), manifestou à Reuters a mesma preocupação que Mark Graham. "Não estamos recebendo muitos animais para tratamento. Portanto, o nosso medo é que eles não são resgatados porque, basicamente, já não existem", afirmou.

"O impacto [dos incêndios] em muitas espécies é extremo e ainda não terminou. A inteira dimensão das perdas provavelmente nunca será conhecida, mas estará com certeza no patamar dos milhões", indicou na semana passada a governadora de Nova Gales do Sul, Gladys Berejiklian.